Autor: Carlos Alberto - Data: 25/02/2022 08:43

Ariani Barboza, especialista em neuropsicopedagogia, fala sobre o Transtorno do Espectro Autista

Ariani diz que é um erro analisar que o autista tem e vive no seu próprio mundo e, por este motivo, não gosta de estar com outras pessoas e evita a socialização (Fonte: Mídia Portal de Notícias)
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O tema do Transtorno do Espectro Autista – TEA - vem ganhando muita relevância em todo o Brasil. Em Guaxupé, por exemplo, houve uma Audiência Pública, organizada pela Câmara Municipal, para tratar especificamente sobre o assunto e, principalmente, sobre políticas públicas para o tratamento no município. Muito do que se divulga sobre o TEA vem carregado de conceitos generalistas que não fazem parte da realidade. Há muitos mitos transmitidos e posições que carecem de evidências científicas. A desinformação em relação ao comportamento de pessoas com autismo só reforça estereótipos e preconceitos que dificultam ainda mais o processo de inclusão.

A neuropsicopedagoga Ariani Barboza, diretora da Clínica de Estimulação e Aprendizagem NeuroViver, em Guaxupé, fala sobre o transtorno que, aliás, é uma de suas especialidades, enfatiza que essa discussão promovida pela Câmara de Guaxupé vem como uma grande oportunidade para conscientizar a sociedade sobre o espectro e avançar ainda mais na missão contra os preconceitos. Ela é graduada em Pedagogia pelo UNIFEG-Guaxupé, pós-graduada em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo - FAMEESP-FGV, de Ribeirão Preto, e possui Extensão em Neuropsicologia, Consciência Fonológica, Neurociência e Alfabetização. É especialista em aplicação do teste DENVER, uma escala utilizada para avaliar e identificar crianças entre 0 e 6 anos de idade com risco para atraso no desenvolvimento (ADNPM). Ela também é Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia - SBNPp.

Quando se fala de autismo, fala-se de um transtorno do neurodesenvolvimento que faz parte de um espectro, ou seja, que vão existir inúmeros indivíduos com características diferentes entre si, que necessitam de muito ou pouco suporte. “O Transtorno do Espectro Autista não é uma doença, mas sim uma condição especial na qual as pessoas têm algumas características próprias que lhe trazem desafios. Nosso objetivo, enquanto neuropsicopedagogos, é contribuir, através de teses clínicos específicos que executamos, no diagnóstico médico, acolher, ensinar e crescer cognitivamente com elas. Isso terá como consequência a inclusão e a integração delas à sociedade e isso perpassa, obrigatoriamente, pelo respeito às suas diferenças e necessidades”, disse.

Ariani ressalta ainda que é de fundamental importância o reconhecimento e o cumprimento dos direitos que vêm sendo adquiridos e ampliar o conhecimento acerca do assunto entre as famílias, profissionais e a comunidade. Ela ainda alerta que o transtorno do espectro autista evidencia algumas características comuns, porém, cada indivíduo é único e apresenta suas próprias habilidades e dificuldades. Há pessoas com TEA que possuem grandes habilidades para algo em específico e, por vezes, pode ser devido ao hiperfoco, ou seja, o interesse restrito por determinado assunto. Mas uma grande porcentagem apresenta déficits cognitivos significativos e isso dificulta a aquisição de novos repertórios.

Ariani diz que é um erro analisar que o autista tem e vive no seu próprio mundo e, por este motivo, não gosta de estar com outras pessoas e evita a socialização. A dificuldade na interação social é uma característica significativa muito comum às pessoas com autismo, mas isso não significa que não queiram se relacionar com outras pessoas. Isso porque uma parte dos pacientes apresenta dificuldade em iniciar ou manter a interação por não entender algumas regras sociais e algumas habilidades que são importantes nas relações. Por isso, deve-se ter um olhar individual para cada um e buscar entender o motivo deste afastamento social.

No Transtorno do Espectro Autista todos os indivíduos têm potencial para aprender e desenvolver novos repertórios e isso se conquista através da busca da melhor forma de ensinar. “Na Clínica NeuroViver analisamos cada paciente em suas particularidades. Além de colaborar no diagnóstico médico, nós os acolhemos da melhor forma possível para que isso nos possibilite desenvolver a aprendizagem e o crescimento deles”, afirma a neuropsicopedagoga.

Através da observação clínica atesta-se as características das pessoas com TEA - algumas tidas como vantagens competitivas e potencialidades. Alguns indivíduos possuem uma condição diferente - e extremamente rara - conhecida como Síndrome de Savant. Possuem habilidades extraordinárias, conhecidas também como “ilhas de genialidade” e “prodígios”. Segundo Ariani, pessoas incluídas nessa síndrome apresentam inteligência acima da média e são extremamente talentosos, como por exemplo, admiração pela área de exatas realizando cálculos complexos. Outros, por sua vez, têm uma capacidade diferenciada de memorização.

Segundo pesquisas, uma em cada dez pessoas dentro do espectro autista tem tais habilidades notáveis em graus variados, embora a Síndrome de Savant possa ocorrer em outras síndromes do desenvolvimento ou outras situações. “Ressalto que o mais importante é que cada paciente apresenta suas características únicas, com habilidades e dificuldades. Em ambiente clínico, aprimoramos as habilidades e cuidamos do tratamento das dificuldades diagnosticadas”, diz a neuropsicopedagoga.

Como o Autismo não é uma doença não há que se falar em cura. Atualmente, há equipes multidisciplinares que cuidam do desenvolvimento destes pacientes e os auxiliam a conquistar melhores condições para interações sociais e habilidades para atingir o máximo de independência possível e, é claro, qualidade de vida. Entre os tratamentos existentes e comprovados clinicamente, a profissional destaca a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Os resultados desta análise são baseados em evidências científicas e, atualmente, é a forma de intervenção mais bem-sucedida para crianças com algum desenvolvimento atípico.

ABA é a aplicação de uma ciência e não uma técnica ou um método. Dessa forma, seus resultados são baseados em evidências científicas e dados de pesquisas. Entretanto, a Análise Comportamental Aplicada é feita de maneira individualizada levando em consideração a singularidade de cada paciente. Diferentes estudos mostraram que a maioria significativa das crianças que passaram por intervenções em ABA de modo intensivo conseguiu atingir uma melhora considerável, sobretudo no Transtorno do Espectro Autista. Há uma intervenção que maximiza o potencial através da ampliação de habilidades e redução de possíveis barreiras comportamentais que podem dificultar o aprendizado. A partir da execução desta avaliação é possível mapear e respeitar a singularidade de cada um.

Ela finaliza explicando que a informação e a atualização constante sobre o tema é de grande importância para toda a comunidade. Reitera que cada indivíduo com a Síndrome do Espectro Autista é único em suas habilidades e necessidades e sua missão enquanto profissional é buscar, diariamente, condições adequadas para uma melhor qualidade de vida a elas dentro de suas especificidades.

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