Autor: Carlos Alberto - Data: 21/06/2019 14:37

Barbeiro dos "novos tempos" reconhece o valor do antigo professor

Renan corta os cabeços do professor, Zé Nenê, com quem aprendeu o ofício e, hoje, sustenta a família com dignidade
Facebook Twitter LinkedIn Google+ Addthis Barbeiro dos

O barbeiro profissional Renan Elias Marçal, que mantém salão na Rua Domingos Zucarelli, nº 259, no Jardim Novo Horizonte, em Guaxupé, está entre as pessoas de alma nobre, que sabem reconhecer suas origens e fazer jus às oportunidades dadas pela vida. Se hoje ele toca o próprio negócio e leva para casa o sustento familiar, com dignidade, no passado foi aluno do tradicional "cortador de cabelos e barba", José Carlos Perrucini, de 83 anos. Popularmente conhecido como "Zé Nenê", trata-se de um renomado profissional, com 70 anos de experiência, dono de tantas histórias, que ensinou (a Renan e muitos outros) não só o ofício herdado do pai, mas principalmente lições de vida, necessárias para a formação de um bom caráter.
Renan, que hoje tem 22 anos, começou a aprender aos 13, a partir de quando criou um laço de amizade com Zé Nenê, o qual é considerado um avô, embora ambos não tenham qualquer parentesco: "Minha relação com o Renan começou quando o avô o trazia para cortar o cabelo e ele, em vez de ir embora, queria ficar vendo eu cortar dos demais clientes. Aí, aos 13 anos, comecei a ensiná-lo, pois ele trazia amiguinhos da Escola José de Sá e iniciou-se assim", recordou Zé Nenê, que recebeu o Jornal JOGO SÉRIO em sua barbearia, estabelecida à Rua Artur Coelho de Souza, 280, no Novo Horizonte.
Apesar de sentir-se ultrapassado, haja vista as novidades dentro de setor de barber shop, Zé Nenê tem motivos de sobra para se orgulhar. Renan, por exemplo, é prova viva de que os esforços do professor deram certo: "Ele é o mesmo que um pai, pois passou a profissão para mim e eu a levo para frente. Esta profissão, do modo como ele e alguns ainda fazem, está acabando, já que hoje o estilo é bem outro. O sr. Nenê aprendeu com o pai e passou para mim. Por isto, peço que os mais novos me ajudem a não deixar morrer o jeito tradicional de cortar cabelos", enfatiza Renan. "Hoje, estou velho e me sinto derrotado, pois chegam coisas novas, de internet e, então, o povo afasta-se por causa de meus cabelos brancos", desabafou Zé Nenê, que foi enaltecido por Renan: "Igual ao senhor, são poucos, meu professor".
Zé Nenê aprendeu com o pai, que cortava os cabeços dos adultos na Fazenda Barra, onde morava a família, e ele, então ainda criança, fazia o mesmo com os mais novos. Além disso, o então pequeno José transmitia tanto aos colegas quanto aos adultos tudo o que ele aprendia na escola. E, junto a tudo isto, também participou de equipes de futebol da Fazenda Barra, em Guaxupé: "Eu aprendia no Grupo e ensinava para eles, na Fazenda. Era um barato! No futebol, conquistamos o título de campeões do "Campeonato Cinquentenário de Guaxupé"", exibiu-se Nenê, com fotografias em mãos, de uma época que antecedeu sua ida para São Paulo, onde fez a vida, atuante como operador de máquinas e barbeiro. "Trabalhava como operador de máquinas numa fábrica e, ao mesmo tempo, fiquei 15 anos como barbeiro, já que eu alugava uma cadeira lá. Depois, por mais 17 anos, mantive salão em Santo André, quando tinha até empregados", disse ele, que em 1995 aposentou-se e retornou a Guaxupé, já casado e pai de quatro filhas, das quais uma faleceu e as demais moram em São Paulo. - Sorridente, mas sistemático e dono de uma retidão invejável, Zé Nenê recebe, neste conteúdo, as homenagens de seu pupilo, Renan Elias Marçal, e do Jornal JOGO SÉRIO. - Aguarde produção de vídeo-matéria sobre este tema.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.







Quem Somos

Redação: R. Dr. Joaquim Libânio, nº 532 - Centro - Guaxupé / MG.
TELs.: (35) 3551-2904 / 8884-6778.
Email: jornaljogoserio@gmail.com / ojogoserio@yahoo.com.br.