Autor: Carlos Alberto - Data: 11/03/2020 08:47

Antropóloga debate violência contra a mulher em canteiro de obra

Organizada pelo TJMG, palestra integra programação da Semana Justiça pela Paz em Casa
Facebook Twitter LinkedIn Google+ Addthis Antropóloga debate violência contra a mulher em canteiro de obra
Já dizia o ditado que prevenir é sempre melhor que remediar. E a prevenção chegou para trabalhadores da construção civil em forma de palestra, para evitar um futuro remédio com gosto amargo e em forma de sentença. Essa lógica foi colocada em prática nesta segunda-feira (9/3) pela antropóloga Angelina Parreiras, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em palestra proferida para trabalhadores de uma obra no Bairro União, região Nordeste de Belo Horizonte, sobre a violência contra a mulher.
Organizado pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) do TJMG, o evento faz parte da mobilização do Judiciário em mais uma edição da Semana Justiça pela Paz em Casa, que ocorre de 8 a 13 de março. Nesse período, tribunais de justiça de todo o País concentram esforços para priorizar o julgamento de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Pontualmente a obra foi paralisada às 15h. Em uma sala improvisada, aproximadamente 50 operários acompanharam atentos todas as palavras e números alarmantes divulgados pela antropóloga Angelina Parreiras, convidada pelo Tribunal para proferir a palestra. Mas a resistência dos trabalhadores tornou-se patente, principalmente quando foi aberta a sessão de perguntas. "Mas por que não existe Lei João da Penha?", gritou um dos operários fazendo alusão à Lei Maria da Penha, que trata de crimes contra a mulher. "Mulher também agride os homens!", exclamou outro operário com certo ar de indignação.
Mas aos poucos todos se renderam aos alarmantes números divulgados pela antropóloga, que mostram o quanto a mulher brasileira ainda é vítima de uma violência sem limites, principalmente por parte de seus companheiros. "No Brasil, infelizmente uma mulher é assassinada por hora. Nesta mesma hora, outras 503 são agredidas. A cada 15 segundos uma mulher sofre algum tipo de violência, e ainda temos cinco espancamentos por minuto. São números muito ruins, e isso não pode continuar assim", afirma.
Para Angelina, os trabalhadores da construção civil têm sido alvo dessas palestras porque a maioria absoluta é composta por homens. Na palestra desta segunda-feira, por exemplo, foram aproximadamente 50 homens e apenas 4 mulheres. "Não se trata de uma escolha balizada na questão social, até porque a violência contra a mulher também atinge classes sociais mais elevadas. Mas os trabalhadores da construção civil possuem menos acesso à informação, e as palestras são um ótimo meio de levar consciência para esse público", explica.
Ela lembra que para muitas pessoas a violência é traduzida apenas em agressões físicas, o que é uma inverdade. "A violência física é um dos problemas. As mulheres também são vítimas da violência moral, psicológica e até patrimonial", acrescenta a antropóloga. E as crianças acabam sendo vítimas, direta ou indiretamente, da violência sofrida em casa pelas mães, afirma. "Violência não se resume em tapas, em agressões físicas. Violência é proibir o uso de uma minissaia, é monitorar o celular da parceira, é impedir que ela tenha um emprego e seja independente. Violência é também se fazer de vítima após cometer uma agressão e transferir toda a responsabilidade para a mulher, que de vítima passa a ser a agressora", lamenta Angelina. (Texto e foto: ASS. COM. TJMG)
Já dizia o ditado que prevenir é sempre melhor que remediar. E a prevenção chegou para trabalhadores da construção civil em forma de palestra, para evitar um futuro remédio com gosto amargo e em forma de sentença. Essa lógica foi colocada em prática nesta segunda-feira (9/3) pela antropóloga Angelina Parreiras, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em palestra proferida para trabalhadores de uma obra no Bairro União, região Nordeste de Belo Horizonte, sobre a violência contra a mulher.
Organizado pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) do TJMG, o evento faz parte da mobilização do Judiciário em mais uma edição da Semana Justiça pela Paz em Casa, que ocorre de 8 a 13 de março. Nesse período, tribunais de justiça de todo o País concentram esforços para priorizar o julgamento de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Pontualmente a obra foi paralisada às 15h. Em uma sala improvisada, aproximadamente 50 operários acompanharam atentos todas as palavras e números alarmantes divulgados pela antropóloga Angelina Parreiras, convidada pelo Tribunal para proferir a palestra. Mas a resistência dos trabalhadores tornou-se patente, principalmente quando foi aberta a sessão de perguntas. "Mas por que não existe Lei João da Penha?", gritou um dos operários fazendo alusão à Lei Maria da Penha, que trata de crimes contra a mulher. "Mulher também agride os homens!", exclamou outro operário com certo ar de indignação.
Mas aos poucos todos se renderam aos alarmantes números divulgados pela antropóloga, que mostram o quanto a mulher brasileira ainda é vítima de uma violência sem limites, principalmente por parte de seus companheiros. "No Brasil, infelizmente uma mulher é assassinada por hora. Nesta mesma hora, outras 503 são agredidas. A cada 15 segundos uma mulher sofre algum tipo de violência, e ainda temos cinco espancamentos por minuto. São números muito ruins, e isso não pode continuar assim", afirma.
Para Angelina, os trabalhadores da construção civil têm sido alvo dessas palestras porque a maioria absoluta é composta por homens. Na palestra desta segunda-feira, por exemplo, foram aproximadamente 50 homens e apenas 4 mulheres. "Não se trata de uma escolha balizada na questão social, até porque a violência contra a mulher também atinge classes sociais mais elevadas. Mas os trabalhadores da construção civil possuem menos acesso à informação, e as palestras são um ótimo meio de levar consciência para esse público", explica.
Ela lembra que para muitas pessoas a violência é traduzida apenas em agressões físicas, o que é uma inverdade. "A violência física é um dos problemas. As mulheres também são vítimas da violência moral, psicológica e até patrimonial", acrescenta a antropóloga. E as crianças acabam sendo vítimas, direta ou indiretamente, da violência sofrida em casa pelas mães, afirma. "Violência não se resume em tapas, em agressões físicas. Violência é proibir o uso de uma minissaia, é monitorar o celular da parceira, é impedir que ela tenha um emprego e seja independente. Violência é também se fazer de vítima após cometer uma agressão e transferir toda a responsabilidade para a mulher, que de vítima passa a ser a agressora", lamenta Angelina. (Texto e foto: ASS. COM. TJMG)

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